Nada à deriva.

Acordar às 5:30 ao som de Going Under e do sabiá do vizinho; tomar banho às 5:35; pegar a primeira roupa que vê pela frente às 5:45; tomar nescal às 5:50; escovar dentes, arrumar a mochila, lembrar-se do pen-drive, pentear cabelo (?), pegar dinheiro e sair de casa às 6:00; chegar à parada às 6:05; pegar o ônibus às 6:10; chegar ao portão 3 às 7:20; chegar ao Instituto de Letras e Comunicação (ILC) às 7:30; sentar e tentar terminar de ler um livro às 7:35; entrar no laboratório e acessar o G1 às 7:40; rir da cara do pessoal que sabe que a aula será um martírio e esperar a aula começar às 8:00; ouvir o Dutra falar de suas experiências às 8:15; ouvir a Katherine lendo, como sempre, o texto que ele pede às 8:40, ler o tópico seguinte do texto às 8:50; rezar 'pra terminar a aula às 9:00; andar não sei 'pra onde e ver as maquinárias que eram usadas 'pra fabricação do jornal às 9:15; agradecer por ter terminado a aula às 9:30; voltar ao portão 3 às 9:40, pegar ônibus de volta às 10:00; dormir e sentir vergonha por ter dormido às 10:25; descer do ônibus às 11:10; chegar em casa e comer um misto às 11:05; dormir em cima daquele livro que tentava terminar de ler às 11:30; acordar para almoçar às 12:30; comer peixe frito e farofa às 12:45; tomar banho à 13:00; acessar à internet às 13:20; dar aula 'pra Gabi às 16:00; tomar outro banho às 17:15; comer hot dog às 17:30; estudar rápido a fala da peça às 17:45; ir à parada às 18:00; pegar ônibus 18:10; chegar ao Webster às 18:15; continuar a estudar às 18:20; começar a aula às 18:30; terminar a aula às 20:00; passar o texto da peça às 20:05; voltar 'pra casa às 20:40; entrar rápido na internet às 21:00; ver TV às 22:00; comer às 22:30; decepcionar-se pelo fato da Priscilla Borges ter saído do Ídolos às 23:30; tomar outro banho às 23:45; pensar quais meu horários de amanhã às 23:50; dormir às 00:00.

Foi falado, foi postado [10]

Flávio: Olha! Legal tuas havaianas. Eu vi uma dessas lá na Yamada da Pedro Miranda.
Priscila: Eu comprei na loja das havaianas mesmo.
Flávio: Onde?
Priscila: No Rio. Ela brilha no escuro, sabias? Ainda é nova. Pensei que aida não tinha aqui.
Flávio: É, eu vi por lá. Tinha dessas aí rosa-choque e umas de homem com umas caverinhas que brilham no escuro. Sabes qual é?
Priscila: Sei. Ela tem uma. Mostra aí pra ele, Alessandra.


(depois de uns 3 minutos sem graça. Voltei 'pra sala)

Foi falado, foi postado [9]

Eu: Marina, já viste aquela lanchonete que abriu ao lado da lanchonete mesmo?
Marina: Sim, por quê?
Eu: Viste a mulher de lá?
Marina: Não. Que que tem ela.
Eu: Uma loira..
Marina: Não, Flávio, mas o que há com ela?
Eu: Ela vive dando em cima de mim. É taradona, tá?

(risos)

Marina: Olha, Flávio, aproveita. Assim tu comes tudo de graça.
Eu: Eu não! Tu já viste como ela é? Feiona. Ela não vale esse esforço. Prefiro pagar pra comer.
Marina: A comida ou uma loira?
Eu: As duas coisas.

(
risos)

Foi falado, foi postado [8]



Passageiro: Olha aqui, ô babaca, não grita comigo não. É por isso que vocês amanhecem com formiga na boca.
Motorista: Isso é uma ameaça?
Passageiro: Eu não ameaço. Eu faço.

Merece


Não tinha como não por aqui essa frase do filme Marley & Eu. Talvez tenha sido a primeira postagem não escrita por mim, apesar de já ter rabiscado algo sobre eles. Pois bem, cá está: "Cães não precisam de carros luxuosos, casas grandes ou de roupas chiques. Água e alimento já são o suficiente. Um cachorro não liga se você é rico ou pobre, esperto ou não, inteligente ou não. Entregue o seu coração e ele dará o dele. De quantas pessoas podemos dizer o mesmo? Quantas pessoas fazem você se sentir raro, puro e especial? Quantas pessoas nos fazem sentir extraordinários?"

Foi falado, foi postado [7]

Ela : Sim, o que há nessa tua casa, já!? Todo mundo passa e fica olhando. Eras!
Eu: Larissa, ele é meu tio. Pai da Jamille.


Ambos caíram na gargalhada.

Meu Círio

Foi exatamente há uma semana que tive que me acordar às 5 da manhã e (sobre)viver aquele longo percurso. Foram horas e horas de cansaço, mas tudo por uma boa causa, claro. Era o segundo domingo de outubro e minha primeira vez lá.
Saí de casa com a certeza de que aquilo seria inesquecível (eu sempre tenho medo de coisas que me parecem ser inesquecíveis). Eu precisava refletir sobre todos aqueles anos de estudos, de esforços que, graças a Deus, não foram em vão. E ela, sim, poderia me ajudar.
Logo de manhã já se via que o sol estaria forte. E fui rumo a ela. Estava lá. E por vezes durante o percurso parecia ser estar inalcansável.

O caminho sempre muito dificultoso, e com isso não era raro ver pessoas se segurando uma nas outras em determinados momentos. Minutos se passavam e todos ansiosos em vê-la. Ela sempre linda e quase inatingível pelos homens. Pessoas de todos os lugares do Brasil vêm vê-la anualmente, porque falar do Pará é citar, ao menos, essa obra de Deus.
Não foi fácil para ninguém. O caminho era agoniante, o sol queimava minha pele. Uma via sacra.
Não reclamei sequer uma vez, pois era uma alegria estar lá pela primeira vez e admirar aquela beleza lapidada por Deus. Só fiz agradecer por tudo. Tudo foi lindo. E ela, a ilha de Algodoal, mais ainda.

Por conseguinte

 

Ele sabia que tinha jurado eternidade e prometido que a saudade não seria tão petulante ao ponto de machucar, mas não fazia nada para reverter a situação. Tinha tempo. Faltava-lhe vontade; boa vontade.
Uma ligação já era válida, mas gastar três minutos ao telefone é perder 3 minutos de Internet, é perder o começo de um filme, uma música no rádio. Ora, não dava mais para perder tempo com coisas importantes. O que poderia ser conveniente com aquelas juras inefáveis era terror para sua rotina. Falar com pessoas especiais era um transtorno. Melancolias desnecessárias e por vezes duvidosas.
A visita era esporádica, e só vinha quando não mais existiam desculpas. Estudar era a principal. Ora, por ironia do destino foi o próprio estudo quem os uniu; agora é o que os separa. Bem feito.
Juraram amizade eterna, usavam elogios demasiados, mas se acomodaram com a troca de 3 palavras pelo mundo virtual. Era dali que um sabia da vida do outro. E nem era por curiosidade, era por estar lá. Para quem quisesse ver.
Não deram tudo de si. Não fizeram tudo o que poderiam fazer. A graça acabou, o choro estancou. Palavras se foram e as juras só as orelhas amassadas do caderno podem comprovar.
A saudade já pensa duas vezes antes de ferir. As lembranças torcem para não virarem pó. Mas é isso: dor, hipocrisias. Amizade.

Desabafo do 4º


Quando digo que não. É não. Ora, ele vem querer tirar onda só porque é maior? Não vejo vantagem alguma em ser o maior. Ele é o do meio e ponto. Encerra-se aqui. Não suporto a ideia de ter de me curvar quando o Dono tem a jocosa intenção de fazer um gesto que, apesar de horrível, diz muita coisa. E quando isso acontece, ele está lá: imponente, com o ego lá no alto. Não dá. Ele só serve 'pra isso, coitado. Agora eu não. Eu sou bem melhor que ele. Eu sou o que aponto; o que mais se expressa nesse todo. E disputar com mais outros 4 é bem difícil. Ganho, sempre, claro. Fazer o quê? Não sou o maior nem o que mais chama atenção, mas eu sou o que faz o Dono despertar, muitas vezes, a ira de alguém que me recebe em sua face.
Quase sempre eu até aceito trabalhar em grupo. Um tapa, por exemplo, é algo que seria cômico senão fosse trágico. É bom fazer parte do elenco. Elenco do qual ele, o queridinho do meio, não é o protagonista. Poderia até ser, mas eu não deixo. Além do mais, ele não tem aliança de ninguém. Eu também não. Mas isso já me satisfaz. Vai ser uma pirraça eterna. Ele lá: no meio, todo panaca que mal serve para um cotoco. E eu aqui, do lado direito dele, apontando 'pra quem eu quero. Inclusive pro Dono. Né, Dono?

Foi falado, foi postado [6]



"Ai, mas eu tenho uma raiva de piada inteligente!"

(Uma prima, loira, ao relatar uma anedota comum em ônibus que transportam, em sua maioria, universitários)

Foi falado, foi postado [5]



"Nossa, ela tem um Gremlin?!"

(Amigo de minha irmã ao saber que a cantora Alcione tinha ganhado um troféu do Grammy-Latino)

Foi falado, foi postado [4]

"Então que caralho de dança tem na tua terra?"

(Uma bêbada ao constatar que eu não sabia dançar forró, funk, capypso e pagode)

Belém também


Belém é tão maravilhosa quanto o Rio de Janeiro. E é bom dizer isto para acabar com essa aversão dos belenenses de não gostar do lugar onde vivem. Cada uma com as suas particularidade, óbvio. Mas o grande diferencial é que o Rio de Janeiro é uma cidade inteligente. Projetada inteligentemente, eu digo. Mais do que recursos, Belém precisa de um governo e de uma população assim: inteligente. Só. Em tese, o que nos falta é maturidade, porque beleza não.

Foi falado, foi postado [3]


"Não, não era um coral. Era um monte de gente cantando"
 
(Maria Patrício, a vó de quem vos escreve)

Foi falado, foi postado [2]



"Esse tipo de 'centospéia' é bem nutritiva"


(Passageiro do Icoaraci-UFPA falando sobre minhocas)

Foi falado, foi postado [1]

"As mangueiras me parecem ser tão indecentes"
 
(Marina, estudante de Ciências Sociais da UFPA)

Tôcomsau - dadedeti


Há sete anos vi a pequena grande bochecha se transformar na guardiã dos meu sonhos, na porteira dos meus sentimentos, na escudeira dos meus defeitos. Nasceu. A linda flor que veio a brilhar na minha vida por muito tempo. Encantou meu caminho, guiou meus passos. Tornou-se um anjo. Definiu o conceito de amizade, na mais escura indiferença. Lapidou o objeto mais difícil que encontrou e transformou-o em seu servo. Vivi, sobrevivi e agora vivo sem a presença da mais completa forma de amor que pude receber. Com exagero. Mas na medida certa de eu saber o quão importante ficou minha vida com os vestígios deixados por ela. A orquestra do coração tocou no mesmo compasso da fina e acanhada voz que saía de uma garganta guerreira. Pronta 'pra lutar. Pronta 'pra não deixar eu me perder. Conjugar-te-ei no verbo mais inefável que percebi sendo um amigo teu; sendo o amigo teu: Amar.
Quisera eu um dia não mais poder banalizar a palavra amizade e destinar a ti o que, deveras, merece. Que o Universo proteja e saiba dar o mesmo valor que a 'Nara'vilha de Deus deu a mim.

Era uma vez...

A: Boa tarde, tudo bem com você, Senhor?

Flávio: Nossa, mas Senhor? Sou muito novo para isso. Deixe de formalidade e me chame pelo nome: Flávio. Mas está tudo ótimo. Tudo de bom está acontecendo comigo.

A: Que notícia boa, caro Flávio, fico feliz por saber que as pessoas estão felizes. É uma honra sentar ao seu lado.

Flávio: Obrigado. Não sei nem o porquê da honra, mas tudo bem. Agradecido estou ao saber.

A: Pois bem, Senhor Flávio, ops, desculpe-me. Flávio. Posso lhe fazer um singelo pedido?

Flávio: Se estiver ao meu alcance. Sem dúvida nenhuma.

A: Certo. Gostaria, então, que você, pusesse a mão em seu bolso. E tire o seu importantíssimo celular para eu levá-lo.

Flávio: Meu Deus, mas para quê você quer meu celular? Ele é de suma importância, como o senhor mesmo disse.

A: Quero pegá-lo para vender futuramente. É desse jeito que vivo, caro colega: peço as coisas para os outros e vendo para outros outros.

Flávio: Mas e eu, como fico? Eu necessito tanto dos meus contatos. Agora que sou universitário, devo estar comunicando-me frequentemente com minha família e amigos.

A: Acalme-se. Eu penso muito bem nas pessoas que abordo. Sou um servo de Deus. E irei para o céu, com toda certeza. Por isso lhe darei o chip com todos os seus contatos. Eu penso tanto nas pessoas. Você deve saber como é!

Flávio: Mas se eu disser não? Você fará algo contra um outro servo de Deus?

A: Não sei, pois quando porto um objeto cortante e fácil de ser empunhado, mudo de expressão e, na maioria das vezes, mudo de atitude.

Flávio: Você está portando uma faca?

A: Se você o chama assim, sim!

Flávio: Ah, mas você devia ter falado isso há tempos. É claro que darei a você o meu celular. Para que ligar para as coisas materiais, não é verdade? Peço-te um simplório favor: Dê-me o chip. Preciso tanto deste.

A: É isso que iria fazer.

Flávio: Oh, Senhor, muito obrigado. É uma grande favor que você me faz.

A: Não por isso, Flávio. Eu também devo agradecer-te por sua generosidade. Você, indubitavelmente, irá para o céu.

Flávio: Fico feliz em saber. Mas, afinal, qual é o seu nome?

A: Nossa, que indelicadeza minha. Meu nome é Salteador, mas pode me chamar de Assaltante. Você já é meu íntimo.

Flávio: Tudo bem. Tenha uma boa Semana Santa, caro Assaltante.

A: Felicitações recíprocas, caro Flávio. Adeus.





Tudo estaria ótimo. Mas não vivemos em contos de fadas. Infelizmente eu não sou Hans Christian Andersen e não tenho um final feliz para tudo. Esse é o preço que se paga por morar no Brasil. Azar o meu.

Via sedex, por favor.


Belém, 03 de abril de 2009

Querida Inveja,

É com enorme infelicidade que venho lhe dizer sobre coisas oriundas de ti que estou a sentir. É uma sensação estranha de inaceitabilidade do que algo novo pode me fazer. O fazer inútil; o fazer não ser. E o pior de não ser, cara Inveja, é ter a sensação de não ser mais. De não ter mais. De ter o"mais" depois "não". É, 'pra quem sempre foi acostumado a ver os outros com você a meu favor (se é que me entendes), a intangível situação de subversão aconteceu. E dói. Dói saber que, hoje, vivo de ti (e não por ti, 'tá?). Esse sentimentozinho que tu és 'pra mim em grande escala, faz despertar a enorme inaptidão que tinha de pensar que pensar que ter aptidão era a única coisa de que tinha certeza. Não. E você nem pode se orgulhar por isso, porque não foi você a culpada. Fui eu. Tenho a insatisfação de dizer que fui eu. Mas se isso te deixa triste, alegro-me facilmente por saber.
Não se pode negar que nunca convivi contigo. Foi uma relação conturbada, até. Mas, eu, felizmente, tenho o dom do desapego. E isso, antes, me servia para algo. Fui o desacostumar das coisas, que fiquei surpreso com a tua volta. E tinha que ser, necessariamente, triunfal. Foi. Mas a tua presença me incomoda. Tu nunca foste, na verdade, uma das minhas melhores companhias. E é fato tu saberes que nada foste 'pra mim, assim como hoje, não és nada.
É incomensurável a vontade de te tirar de mim, de me fazer sentir o que, deveras, posso ser. Tu não me deixas, mas isso é o teu trabalho, eu sei. Tua função: destruir-nos; decepcionar-nos. Nos fazer sentir mal.
Aposto que tu nunca sentiste inveja, Inveja. Assim como o Amor não sentiu o amor. E o Ódio nunca odiou ninguém. Pois se os sentimentos usassem o seu próprio poder, se anulariam. O mesmo aconteceria se nós conseguíssemos nos enxergar. Nos anularíamos.
Você e seus amiguinhos foram feitos para nos fazer, e hoje, sou o que tu queres que eu seja. Feito de inutilidade, não da inutilidade. Gosto de sentir o peso da tua presença, 'pra eu crer, ainda mais, como é bom viver sem ti. Espero que as tuas férias estejam a acabar e que voltes a algum emprego fixo que te sirva. Não te quero como patrão em minha vida, gosto mesmo de ser um pobre assalariado da autoconfiança.


Desatenciosamente, eu.


Gabarito Controverso

Sentir a evasão de um sonho é a pior maneira de notar que o vestibular existe para nos martirizar. É desumano. E o medo da responsabilidade nos faz inúteis perto de um sistema seco, capaz de nos por em dúvida sobre quem, de fato, nós somos e onde queremos chegar.
A tentativa de responder aos anseios da sociedade pode se tornar um fator decisivo na escolha profissional. E o tal método de entrada na Universidade faz inversões conceituais de palavras e profissões necessárias para se adequar ao processo. Hoje, inteligência significa capacidade de decisão. Não se resume, mais, ao condicionamento da pessoa, mas a habilidade que esta tem para resolver um problema inusitado. Os professores de Ensino Médio foram impelidos, também, a dar técnicas de memorização, longe de suas reais funções: ensinar.
Exames preparatórios existem, paradoxalmente, para tirar a percepção e a agilidade do aluno. Simulados, por exemplo, são ações repetitivas e incapazes de tornar alguém hábil, sobretudo por exibir questões de vestibulares passados. Se existe algo educativo nisso, seria um medíocre condicionamento programado que na maioria das vezes não faz a tão sonhada diferença na real prova. O vestibular impede, pois, o desenvolvimento da inteligência, porque existe e exige uma exagerada quantidade de informações.
Na era da globalização, a sociedade requer a capacidade de resolução de problemas novos, o contrário do condicionamento. E para isso, é necessário disciplina total. Ou seja, esse método avaliativo desarticula o exercício mental da criatividade humana.
Talvez o grande problema a ser discutido é que o professor pode, até, ensinar o aluno para a prova, mas não o educa para vida. E nesse mundo sórdido e hipócrita no qual vivemos, ter honestidade e altruísmo é tão importante quanto um diploma.
É difícil pensar que possa existir a superação do nosso vestibular, pois o volume de dinheiro que movimenta esse mercado é enorme. Técnicas podem nos iludir ao pensar que daremos um grande salto em nossas vidas, mas estamos vulneráveis a tropeços seja para qualquer salto que dermos. Não existirá processo, de fato, que nos fará pessoas melhores. É nos vestibular da vida que aprenderemos ser o que, deveras, queremos ser.

Hã?

A nuvem estava completamente enfurecida com o geléia de framboesa que o Sílvio Santos tinha acabado de me dar. Sei lá o motivo, mas acho que a chave não se encaixava naquela maçaneta feita de leite em pó, então fiz questão de avisar à samambáia mais próxima do que tinha acontecido. Nossa, mas foi uma reação inesperada. O gafanhoto azul royal espantou-se com tal expressão:
- Ei, por que a margarina desse pote vive derretida? Ora, será que não existe bolachas de talco a serem feitas?
E por aí foi. A confusão estava exposta, e eu nem sabia o que dizer para a finado Clodovil o que acontecera. Os ornitorrincos não paravam de comer as flores que a sobrinha do tamanduá tinha acabado de colher. Eles estavam famintos depois que o espelho havia se quebrado e não restara mais nada, a não ser duas lentes de contato de um misterioso brigadeiro que fingia dormir.
Eu, até, cheguei a perguntar ao orangotango mais próximo sobre o que ele vira da tal confusão. Depois de umas três frases, comecei a ignorá-lo, mas queria o quê? Ele só falava mandarim! E eu lá entendo outra coisa que não seja um miado de cobra?
Depois de três horas de intensa briga, o zelador do prédio do carpinteiro que mora ao lado da vila do hamster holandês pediu a tão sonhada trégua. A rainha da coroa de marfim compreendeu, mas disse que só iria assinar o acordo quando eu acordar de um tal sonho. Mas que sonho? Ai de mim se fosse sonhar!

Normalidade ridícula.

Cheguei um dia a pensar que confundir o que é ridículo com o que é normal seria ridículo (ou seria normal?). Não. O mutualismo impera nessas duas palavras sórdidas. Pensei que preconceito fosse ridículo, mas é normal; pensei que pensar que não tem preconceito é normal, mas é ridículo; conheço tanta gente ridícula, mas é normal; queria tanto ser normal, mas que ridículo (e como sou)!
Perguntava-me, ontem, porque adorava conversar com o meu cachorro. Há tempos não sabia a resposta, mas ontem resolvi encontrá-la (fingi surpresa, até). Sei já: animalizo-me com facilidade. A indiferença dos animais é afrodisíaca. Não há sentimentos exagerados, forçados e coerentes com regrinhas sociais. Amam, por amar! Animalizo-me, pelo detestável jeito de ser humano.
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