É com enorme infelicidade que venho lhe dizer sobre coisas oriundas de ti que estou a sentir. É uma sensação estranha de inaceitabilidade do que algo novo pode me fazer. O fazer inútil; o fazer não ser. E o pior de não ser, cara Inveja, é ter a sensação de não ser mais. De não ter mais. De ter o"mais" depois "não". É, 'pra quem sempre foi acostumado a ver os outros com você a meu favor (se é que me entendes), a intangível situação de subversão aconteceu. E dói. Dói saber que, hoje, vivo de ti (e não por ti, 'tá?). Esse sentimentozinho que tu és 'pra mim em grande escala, faz despertar a enorme inaptidão que tinha de pensar que pensar que ter aptidão era a única coisa de que tinha certeza. Não. E você nem pode se orgulhar por isso, porque não foi você a culpada. Fui eu. Tenho a insatisfação de dizer que fui eu. Mas se isso te deixa triste, alegro-me facilmente por saber.
Não se pode negar que nunca convivi contigo. Foi uma relação conturbada, até. Mas, eu, felizmente, tenho o dom do desapego. E isso, antes, me servia para algo. Fui o desacostumar das coisas, que fiquei surpreso com a tua volta. E tinha que ser, necessariamente, triunfal. Foi. Mas a tua presença me incomoda. Tu nunca foste, na verdade, uma das minhas melhores companhias. E é fato tu saberes que nada foste 'pra mim, assim como hoje, não és nada.
É incomensurável a vontade de te tirar de mim, de me fazer sentir o que, deveras, posso ser. Tu não me deixas, mas isso é o teu trabalho, eu sei. Tua função: destruir-nos; decepcionar-nos. Nos fazer sentir mal.
Aposto que tu nunca sentiste inveja, Inveja. Assim como o Amor não sentiu o amor. E o Ódio nunca odiou ninguém. Pois se os sentimentos usassem o seu próprio poder, se anulariam. O mesmo aconteceria se nós conseguíssemos nos enxergar. Nos anularíamos.
Você e seus amiguinhos foram feitos para nos fazer, e hoje, sou o que tu queres que eu seja. Feito de inutilidade, não da inutilidade. Gosto de sentir o peso da tua presença, 'pra eu crer, ainda mais, como é bom viver sem ti. Espero que as tuas férias estejam a acabar e que voltes a algum emprego fixo que te sirva. Não te quero como patrão em minha vida, gosto mesmo de ser um pobre assalariado da autoconfiança.
Desatenciosamente, eu.
Não se pode negar que nunca convivi contigo. Foi uma relação conturbada, até. Mas, eu, felizmente, tenho o dom do desapego. E isso, antes, me servia para algo. Fui o desacostumar das coisas, que fiquei surpreso com a tua volta. E tinha que ser, necessariamente, triunfal. Foi. Mas a tua presença me incomoda. Tu nunca foste, na verdade, uma das minhas melhores companhias. E é fato tu saberes que nada foste 'pra mim, assim como hoje, não és nada.
É incomensurável a vontade de te tirar de mim, de me fazer sentir o que, deveras, posso ser. Tu não me deixas, mas isso é o teu trabalho, eu sei. Tua função: destruir-nos; decepcionar-nos. Nos fazer sentir mal.
Aposto que tu nunca sentiste inveja, Inveja. Assim como o Amor não sentiu o amor. E o Ódio nunca odiou ninguém. Pois se os sentimentos usassem o seu próprio poder, se anulariam. O mesmo aconteceria se nós conseguíssemos nos enxergar. Nos anularíamos.
Você e seus amiguinhos foram feitos para nos fazer, e hoje, sou o que tu queres que eu seja. Feito de inutilidade, não da inutilidade. Gosto de sentir o peso da tua presença, 'pra eu crer, ainda mais, como é bom viver sem ti. Espero que as tuas férias estejam a acabar e que voltes a algum emprego fixo que te sirva. Não te quero como patrão em minha vida, gosto mesmo de ser um pobre assalariado da autoconfiança.
Desatenciosamente, eu.
9 comentários:
Flávio, achei magistral o seu jogo de palavras, digamos que fizestes um paradoxo,como poucos.Não é fácil fazer esse tipo de texto, pois a complexidade ao faze-lo, faz com que nos percamos no meio do caminho.Mas você conseguiu um bom desfecho!!!
Bruna Feijó
De fato o texto é muito bom, mas discordo um tanto de Bruna(acima), a meu ver tu te perdestes um pouco sim, nas palavras, o começo da Carta está confuso, e o uso interminável de "que" e ",", deixou o texto um tanto forçado, pesado. Fica melhor, e ai está meus parabéns no final os dois últimos pgfos, quando levas de forma simples e clara, e o jogo a idéia das palavras deixa claro a tua enorme capacidade. Assim sendo, desafio-TE a escrever ou ao menos tentar um Haikai, bom digo porque gosto de ler, mas claro que não precisas utilizar das regras, faça a vontade.
rá.. isso acontece cmgo! aushaus
Tenho medo de ti :D
Eu ainda não entendo o porquê que não querias que eu lesse tua carta pra Inveja. Mas enfim, gostei de tu ter falado do sentimento que muita gente diz não ter. Muito Bom, Flávio.
Não sei muito sobre as técnicas da escrita, mas o que posso dizer é que te entendi.
O que é maravilhoso, por que, pelo que me ensinaram, os bons escritores são justamente aqueles que conseguem captar algumas 'verdades' 'universais' dentro de si mesmos. E eu me identifiquei com as tuas verdades
parabéns :)
Acredito em ti garoto;)
Nossa, muito bom, Flávio.
Interessant. Kommt hier noch ein weiterer Beitrag?
Würde gern einiges mehr darüber hören. Kannst du mir per Mail weiterhelfen?
my page > Provari
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