Era uma vez...

A: Boa tarde, tudo bem com você, Senhor?

Flávio: Nossa, mas Senhor? Sou muito novo para isso. Deixe de formalidade e me chame pelo nome: Flávio. Mas está tudo ótimo. Tudo de bom está acontecendo comigo.

A: Que notícia boa, caro Flávio, fico feliz por saber que as pessoas estão felizes. É uma honra sentar ao seu lado.

Flávio: Obrigado. Não sei nem o porquê da honra, mas tudo bem. Agradecido estou ao saber.

A: Pois bem, Senhor Flávio, ops, desculpe-me. Flávio. Posso lhe fazer um singelo pedido?

Flávio: Se estiver ao meu alcance. Sem dúvida nenhuma.

A: Certo. Gostaria, então, que você, pusesse a mão em seu bolso. E tire o seu importantíssimo celular para eu levá-lo.

Flávio: Meu Deus, mas para quê você quer meu celular? Ele é de suma importância, como o senhor mesmo disse.

A: Quero pegá-lo para vender futuramente. É desse jeito que vivo, caro colega: peço as coisas para os outros e vendo para outros outros.

Flávio: Mas e eu, como fico? Eu necessito tanto dos meus contatos. Agora que sou universitário, devo estar comunicando-me frequentemente com minha família e amigos.

A: Acalme-se. Eu penso muito bem nas pessoas que abordo. Sou um servo de Deus. E irei para o céu, com toda certeza. Por isso lhe darei o chip com todos os seus contatos. Eu penso tanto nas pessoas. Você deve saber como é!

Flávio: Mas se eu disser não? Você fará algo contra um outro servo de Deus?

A: Não sei, pois quando porto um objeto cortante e fácil de ser empunhado, mudo de expressão e, na maioria das vezes, mudo de atitude.

Flávio: Você está portando uma faca?

A: Se você o chama assim, sim!

Flávio: Ah, mas você devia ter falado isso há tempos. É claro que darei a você o meu celular. Para que ligar para as coisas materiais, não é verdade? Peço-te um simplório favor: Dê-me o chip. Preciso tanto deste.

A: É isso que iria fazer.

Flávio: Oh, Senhor, muito obrigado. É uma grande favor que você me faz.

A: Não por isso, Flávio. Eu também devo agradecer-te por sua generosidade. Você, indubitavelmente, irá para o céu.

Flávio: Fico feliz em saber. Mas, afinal, qual é o seu nome?

A: Nossa, que indelicadeza minha. Meu nome é Salteador, mas pode me chamar de Assaltante. Você já é meu íntimo.

Flávio: Tudo bem. Tenha uma boa Semana Santa, caro Assaltante.

A: Felicitações recíprocas, caro Flávio. Adeus.





Tudo estaria ótimo. Mas não vivemos em contos de fadas. Infelizmente eu não sou Hans Christian Andersen e não tenho um final feliz para tudo. Esse é o preço que se paga por morar no Brasil. Azar o meu.

6 comentários:

Brenda Lee. disse...

Adorei o vocabulário do assaltante. Foi um assalto agradável. É sempre bom lidar com pessoas cultas, ainda que sejam pessoas que amam a subtração!

siauisuiuasias

Unknown disse...

Pensei que tu irias terminar com o nome de algum político...mas me dei conta de que eles não costumam avisar antes.E Deus é brasileiro,queriam ofendê-lo quando desseram isso?ah me esqueci que vivemos no paraíso[/irônia]

Victor Lopes disse...

Se todo assaltante fosse assim ia ser ótimo!

Caio Patrício disse...

ri muito eu e o pai....srsrsrs

Medye Platinujn disse...

Nossa Flávio eu tenho a honra de senguir teu blog. Adorei o post. Beijos caro amigo.

HuGo FoRo disse...

Oo
acxonteceu msm assim?
pow.. da ultima vez q fui assaltado o cara disse:
"passa o celular porra!!!"

eu nao fikaria tao p... da vida se o assaltante falasse assim comigo
huahua

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