Amizade para que te quero


 E como eu poderia ter a petulância de querer ser gostado por alguém só porque eu gosto desse alguém? Como eu tenho a petulância de achar que amizade é uma questão de troca, de um simples acordo para nivelar sentimentos e forçar uma pseudo-reciprocidade? Fazer exclusivamente para receber nem sempre é a maneira mais sensata. Às vezes não fazer te faz mais merecedor de algo do que insistir naquilo que só te faz sentir um completo idiota por querer algo que não se pode pedir. Queria, eu, ter o poder de pedir sentimentos por sedex; queria, eu, ter o agrado de todos, de ter como amigo quem eu quero como amigo; de ter alguém do meu jeito; modelá-lo. Assim: quase um ventríloco. Ora, mas pedir para alguém ser do teu jeito te faz perder toda possibilidade de construir a reciprocidade verdadeira.  Quando se cobra, se quebra. Amizade é assim, vem do nada. E quando for construída que nem disse acima, é assim: acaba do nada.

A declarar

Talvez pra eu ter escrito esse talvez do início do texto foi uma das coisas mais difíceis que já fiz. Não é um texto qualquer. Foi algo pensado. Pensado em nome da minha consciência e do respeito que tenho por todas as pessoas a quem de fato eu quero me dirigir; por todas as pessoas que porventura eu possa ter ofendido, mas sobretudo pra mim mesmo, que preciso precisar minhas palavras e tentar imaginar, sempre, quem pode ler alguns dos textos que eu faço. Melhor: me pôr na posição de quem lê.
Queria eu poder fazê-los entender e mostrar que minhas desculpas serão tão menos medíocres e infantis assim como não foram os exemplos que usei no texto abaixo. A minha intenção aqui não é reexplicar quais foram os reais motivos que tive pra ter feito aquele texto. Quero oficialmente, explicitamente, destacavelmente dizer que não quis magoar nem ofender nenhum grupo dos quais eu citei. E se for necessário dizer, digo sem menor problema: não tenho qualquer aversão contra gays e negros. Há muitos gays e negros pelos quais eu tenho muita admiração, e foram eles me fizeram vir aqui mesmo que involuntariamente. Cá estou tirando um peso na consciência e espero mesmo tirar a imagem negativa que muitos, porventura, devem ter feito sobre mim.
Quero que esse texto seja apenas uma parte do que quero dizer. Quero que vocês vejam na prática se eu tenho essa capacidade medíocre de escrever algo que não diz respeito a mim ou se os meus textos não fazem parte do meu todo.

Agradeço a quem se dispôs a ler. Agradeço, sobretudo, a quem acreditou e a quem me ajudou a ter coragem de passar por cima de um orgulho panaca pra fazer nada mais que a minha obrigação: retificar-me e pedir perdão.

Liberdade para que te quero

Liberdade não costuma combinar com muitos verbos, apesar de cada um ter a liberdade de pô-la onde bem entender. Ela pode se encaixar perfeitamente ao lado do verbo gostar, mas é certeza de que ela ficaria mais enaltecida ao lado do desgostar. É. Eu tenho a grata felicidade de poder desgostar de quem e do que quiser. Tudo! Eu disse tudo, independente de cor, raça ou gênero. Ou eu, aqui, não posso dizer, mais, que não gosto de gays? É CLARO que eu posso. Mas ressalto que poder dizer não é algo dito. Assim como posso sem menor peso na consciência dizer que não gosto de negros. Eu tenho liberdade pra isso. Eu tenho, sobretudo, petulância pra dizer. O problema é que pessoas pensam que não gostar é ser homofóbico, é ser racista, é ser um panaca qualquer. Nunca! A não ser que não gostar e desrespeitar sejam as mesmas coisas. Mas eu, com a capacidade de ser Humano, sei que não é. E não é porque não gosto que tenho que desrespeitar. Tenho esse direito, até. Mas aí já entra em ordens de conduta que não tenho menor vontade de debater.
O que digo é: tenho o direito de desgostar e o dever de respeitar, porque respeito não é bom porque eu gosto. Respeito é bom porque é preciso. E gostar de ser respeitado é questão de quem tem esse poder.

...Do verbo inesquecer


Já havia dito por aqui que tenho um enorme medo das coisas que me parecem ser inesquecíveis. Se bem que o verbo inesquecer superestima a condição humana. Quem eu penso que sou 'pra dizer que aquilo será inesquecível? Um ser humano (Ó). E justamente por isso que tenho a petulância de reafirmar o que havia dito no início desse texto. Mas vou voltar ao centro: inesquecer é algo muito forte. É afirmar contundentemente que aquilo fará parte da tua história; que a vida definitivamente não será mais a mesma a partir daquele dia. E que dia foi ontem! Ah, ontem foi o aniversário da Carla Natasha, ora. Um almoço. Mas queria, eu, poder ter escolhido o que nesse dia poderia ser inesquecível. E foi por isso que infelizmente o aniversário foi um mero coadjuvante.
Não, eu não fui assaltado, não fugi de casa, não bati na minha mãe. Eu vi, com toda exatidão, um homem sendo esfaqueado. Melhor: sendo muito esfaqueado. E isso talvez será uma das coisa mais inesquecíveis das que já tinha dito ser inesquecíveis. O fato de o homem depois sair andando pelo meio da rodovia ensanguentado ou que quem o esfaqueou foi um garoto não é o que mais me deixa angustiado.
O que quero dizer é: não foi aquela cena que deixou o dia inesquecível. Inesquecível mesmo foi experimentar um sentimento ruim. Foi ver alguém sendo furado por facas e ter ficado ali, assistindo com uma cara de horror. E cada um que estava ali, na parada da Rodovia Augusto Montenegro em frente ao Clube dos Advogados, poderia fazer algo. Mas não. Ficamos lá. A menos de quinze metros do local onde o homem muito provavelmente iria morrer.
O poder que nós tínhamos de fazer algo simplesmente desapareceu, porque pensávamos em nós. Não tão claramente preferimos ao homem continuar sendo esfaqueado; ficamos mais perplexos porque aquilo poderia ter sido conosco do que por ter visto um rio de sangue sair daquele homem; ficamos muito mais assustados pelo fato de o garoto, talvez, se voltar contra nós do que chorar pelo sofrimento alheio. Ressalto: pensamos, instintivamente, em nós. Fomos egoístas sem haver nenhuma outra opção. Eu experimentei como é pensar somente em si mesmo não querendo. E foi isso, nada de facas e sangue, que me fez inesquecer de ontem.

É da outra que vos falo


O motivo pelo qual escrevo dessa vez é saudade. Mas não é aquela saudade fútil que sentimos rotineiramente.
Eu futilizei essa saudade (e não é a que eu quero encontrar), porque ela é pobre, tola. Medíocre. E quer saber? Dessa saudade eu cheio porque não faz doer.
Eu tenho um enorme desejo de passar por todos os sentimentos com a maior intensidade possível. Queria ter a sensação de não aguentar viver longe de alguém. É claro que sempre dá pra viver longe de alguém, ora. Porque apesar de longe de uns, ainda estamos perto de outros alguéns importantes. Além disso temos telefone, internet, correios em qualquer lugar. Se sentimos essa saudade tola que mencionei agora há pouco, é porque fazemos por merecer.
Queria ser pressionado a sentir essa saudade que verdadeiramente dói. Essa saudade sem válvula de escape, sabe? Não ter a dor que é "não-ter" é frustrante pra mim. Na verdade tudo se torna possivelmente frustrante quando não tenho o poder de mudar; o poder de ter por querer.

Já chega dessa saudade que consome por comodismo, por mimo. Eu quero mais. Eu quero ir a fundo. Eu quero verdadeiramente poder pedir socorro; pedir ajudar porque preciso mesmo, e não por ter preguiça de me salvar.

Foi falado, foi postado [11]

Eu: 'Bora, escreve aí What's your name?.
Gabrielle: 'Tá, já escrevi. E agora?
Eu: Agora responde.
Gabrielle: Mas como eu respondo? I'm e o meu nome?
Eu: É, Gabrielle.
Gabrielle: Só I'm Gabrielle?
Eu: Pode ser, mas nos Estados Unidos, quando se está num momento de apresentação, eles costumam falar o primeiro e o segundo nome.
Gabrielle: Mas o segundo nome? Não é o último?
Eu: É. É isso que eu quis dizer. O primeiro e último nome.
Gabrielle: Até porque se eu fosse falar o primeiro e segundo nome ficaria I'm Gabrielle Da.
Eu: O quê, Gabrielle?
Gabrielle: É. Gabrielle Da. Meu segundo nome.
Eu: Tu estás ficando doida? Que Da é esse, já?
Gabrielle: Sim, meu nome é Gabrielle da Silva Rocha Patrício.
Eu: Meu Deus. Não acredito no que acabei de ouvir.

(depois de 5 minutos rindo consecutivamente, voltamos aos estudos)

Nada à deriva.

Acordar às 5:30 ao som de Going Under e do sabiá do vizinho; tomar banho às 5:35; pegar a primeira roupa que vê pela frente às 5:45; tomar nescal às 5:50; escovar dentes, arrumar a mochila, lembrar-se do pen-drive, pentear cabelo (?), pegar dinheiro e sair de casa às 6:00; chegar à parada às 6:05; pegar o ônibus às 6:10; chegar ao portão 3 às 7:20; chegar ao Instituto de Letras e Comunicação (ILC) às 7:30; sentar e tentar terminar de ler um livro às 7:35; entrar no laboratório e acessar o G1 às 7:40; rir da cara do pessoal que sabe que a aula será um martírio e esperar a aula começar às 8:00; ouvir o Dutra falar de suas experiências às 8:15; ouvir a Katherine lendo, como sempre, o texto que ele pede às 8:40, ler o tópico seguinte do texto às 8:50; rezar 'pra terminar a aula às 9:00; andar não sei 'pra onde e ver as maquinárias que eram usadas 'pra fabricação do jornal às 9:15; agradecer por ter terminado a aula às 9:30; voltar ao portão 3 às 9:40, pegar ônibus de volta às 10:00; dormir e sentir vergonha por ter dormido às 10:25; descer do ônibus às 11:10; chegar em casa e comer um misto às 11:05; dormir em cima daquele livro que tentava terminar de ler às 11:30; acordar para almoçar às 12:30; comer peixe frito e farofa às 12:45; tomar banho à 13:00; acessar à internet às 13:20; dar aula 'pra Gabi às 16:00; tomar outro banho às 17:15; comer hot dog às 17:30; estudar rápido a fala da peça às 17:45; ir à parada às 18:00; pegar ônibus 18:10; chegar ao Webster às 18:15; continuar a estudar às 18:20; começar a aula às 18:30; terminar a aula às 20:00; passar o texto da peça às 20:05; voltar 'pra casa às 20:40; entrar rápido na internet às 21:00; ver TV às 22:00; comer às 22:30; decepcionar-se pelo fato da Priscilla Borges ter saído do Ídolos às 23:30; tomar outro banho às 23:45; pensar quais meu horários de amanhã às 23:50; dormir às 00:00.
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